Segundo Irving Copi, o estudo da lógica é o estudo dos métodos e princípios usados para distinguir o raciocínio correto do incorreto. Consequentemente, uma pessoa com conhecimento de lógica tem mais probabilidades de raciocinar corretamente.
O estudo da lógica proporcionará as pessoas analisar e identificar métodos incorretos de raciocinar, não apenas os das outras pessoas, mas também seus os próprios. Sempre foi importante e atualmente a lógica ganha um contexto ainda mais interessante dado a massa de desinformação que se propaga à uma velocidade nunca antes vista. Como sou contra censura e a favor da liberdade, não devemos nos apoiar no argumento de que a proliferação de conteúdo com objetivo de pura desinformação (que é diferente de um conteúdo apenas mentiroso) seria um motivo para limitar o uso da internet ou das redes sociais. A peça fundamental da lógica é a proposição. Por definição, uma proposição é uma frase declarativa, escrita ou representada por símbolos, que aceita apenas dois valores - lógicos - possíveis: verdadeiro ou falso. Uma proposição pode ser simples ou composta, caso seja formada por duas ou mais proposições. Quer um exemplo? Se eu digo "O Outspoken Market possui um canal no Youtube", isto é uma proposição, pois aceita o resultado de verdadeiro ou falso: nesse caso, verdadeiro :) Diferentemente de quando você diz - "Tenha um bom dia!", onde aqui não cabe a atribuição dos dois valores lógicos. Da proposição chegamos na contradição. Uma contradição acontece apenas quando temos uma proposição composta e seu resultado é sempre falso. A proposição composta "Eu gosto de todas as frutas mas não gosto de morango" é uma contradição, pois morango é uma fruta. Há outra coisa dentro da lógica que é o chamado argumento. Ele é um grupo de proposições iniciais que te conduz à uma outra proposição final, que será conseqüência das primeiras. Todo argumento possui uma premissa e conclusão (ou hipótese e tese). Um argumento pode ser considerado válido (ou legítimo) quando sua conclusão é uma consequência obrigatória de suas premissas. Intuitivamente conclui-se que um argumento é considerado inválido quando as suas premissas não são suficientes para provar a verdade da conclusão. Entender o princípios fundamentais do raciocínio lógico, ou seja, os conceitos de proposição, contradição e argumento é importante para abrirmos a mente para identificar as falácias argumentativas. Mas, primeiro, o que é uma falácia? Do dicionário temos que uma falácia é "qualquer enunciado ou raciocínio falso que entretanto simula a veracidade; sofisma.". Ou seja, uma falácia é um argumento inválido, quando as premissas não são suficientes para provar a verdade da conclusão. E é aqui que mora o perigo. Lembra que no começo do post que falamos sobre a desinformação? Pois bem, ela é nada mais do que um conjunto de falácias, uma simulação da verdade com o intuito de te conduzir a um pensamento incorreto, ilógico. Qualquer tipo de debate, seja no seu trabalho ou até em uma discussão política para aprovação de uma lei, está sujeito às falácias argumentativas. Isto é ainda mais arriscado quando tem-se a tentativa de provar ideologias ou pontos de vista onde é já sabido que se carece de provas materiais para sustentar a veracidade de tais fatos. Não devemos acreditar em tudo o que ouvimos ou lemos, principalmente discursos, com textos, e argumentos que lhe apresentam nos debates do dia-a-dia. Vamos ver alguns exemplos de falácias? Sim, elas já foram identificadas e classificadas ao longo do tempo. Vamos a elas! Apelo ao Povo (argumentum ad populum) Este tipo de falácia é muito comum quando as pessoas não conseguem provar a fonte de uma certa informação, mas mesmo assim querem continuar a disseminar uma ideia. É a intuição clássica que se um número crescente de pessoas defende uma certa ideia, mas verdadeira ela é. O bonito da lógica é que uma preposição será verdadeira você acreditando nela, ou não. A falácia de apelo ao povo pode ser reconhecidas com expressões como "dizem", "me disseram uma vez", "ouvimos dizer". A contra-argumentação correta contra este tipo de falácia é aquela simples frase da sua mãe: "Se fulano pular da ponte você também vai pular?" Ataque à Pessoa (argumentum ad hominem) É uma das falácias que mais demonstra a fraqueza de um debatedor. Consiste em atacar a imagem da pessoa, e não os seus argumentos. Vemos isso muito em debates entre políticos, ideológicos ou quando alguém apresenta um sucesso indiscutível, mas invejosos não conseguem provar o contrário. É comum detectar essa falácia em frases como: "Como vão acreditar em você que que é apenas um jovem?", "Seu mentiroso, fascista!". É também encontrada na forma de acusação da outra parte daquilo que você mesmo está fazendo. Ao ser acusado de corrupção, o outro contra-argumenta que "Os outros também são". Isso não prova absolutamente nada e apenas é um desvio de atenção do ponto principal do debate, mostrando a pobreza dos argumentos do debatedor. Mudança do Ônus da Prova Quando você possui uma convicção e outra pessoa não acredita na mesma coisa que você, esta falácia geralmente vem à tona. Ela consiste em transferir ao ouvinte o ônus de provar a afirmação. Alguns exemplos - "Se Deus existe, porque existe fome na África?" ou "Se o capitalismo é a melhor forma de trazer riqueza, por que ainda existe pobreza no mundo?". O contra argumento aqui é simples: primeiro que a responsabilidade da prova cabe à quem fez a afirmação. Segundo, contra argumente que se algo não é possível de se provar, não significa que a sua afirmação é verdadeira. O Homem de Palha A falácia do espantalho é uma das minhas preferidas em observar. Ela consiste em desvirtuar um argumento ou atribuir falsas idéias ao oponente para atacá-lo mais facilmente. Quando você se diz contra a CLT por exemplo e alguém fala - "você é contra os trabalhadores"! Ser contra uma legislação ultrapassada, não implica em ser contra o trabalhador. Este foram apenas alguns exemplos de inúmeros. O raciocínio lógico é um campo de estudo muito interessante e nos protege não só de cair em falso argumentos, mas também de criá-los. Afinal, é bastante tentador apelar para as falácias quando aquele seu ponto de vista que é defendido mais pela emoção do que pela razão está sendo fortemente derrotado. Um abraço e até o próximo post!
2 Comments
Elisete Aguiar
5/24/2017 11:02:38 am
Gostei. Muito bom post!
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Outspoken Market
12/24/2017 03:46:39 pm
Olá. Muito obrigado pela visita. Qualquer dúvida me envie um e-mail. Obrigado e abs!
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