Por Leandro Pons
Desde o ínicio da pandemia do COVID-19, os mercados financeiros passaram a sofrer com um cenário de incertezas e alta volatilidade, gerando grandes perdas financeiras para as empresas globais.
O setor de tecnologia que demonstrava a melhor performance entre setores nas bolsas americanas no ano de 2019, parece ser o mais beneficiado depois de uma das maiores quedas já registradas pelos mercados financeiros desde a crise de 2008. Ações de tecnologia que historicamente estão associadas à alta volatilidade e risco, devido aos aspectos de competitividade, hoje são parte integrante de portfólios de investimento na busca pelo alpha positivo (maximização de retornos). Enquanto outros setores sofriam em consequência da demanda reprimida e o impacto na cadeia logística, o setor absorvia uma necessidade de demanda crescente em função das medidas de lockdown. Algumas áreas em específico como games, Tv streaming, comunicação remota, e-commerce e softwares foram as que registraram maiores altas nas bolsas. O impacto das FAAMGs nos índices americanos
As FAAMG’s, grupo composto por Facebook, Apple, Amazon, Microsoft e Alphabet (Controladora da Google), não foram imunes as perdas, mas se recuperaram forte e rapidamente, se beneficiando do momento, liderando também a forte retomada dos índices americanos.
O seleto grupo de empresas que compõe as FAAMG’s, possuem as empresas de maior valor de mercado do mundo. No momento Facebook possui o valor de U$640 bilhões, Apple avaliada em U$1.38 trilhões, Amazon U$1.22 trilhões, Microsoft U$ 1.39 trilhões e Google U$977 bilhões. A capacidade de resiliência das “Big Techs” em se valorizar tanto em momentos de expansão quanto contração econômica gerou uma substancial concentração dos pesos nos índices NASDAQ do segmento de tecnologia e S&P500 composto pelas 500 maiores empresas dos EUA, a qual ambas utilizam modelo de ponderação por capitalização de mercado. Segundo o jornal The Wall Street juntas essas empresas possuem peso de 38% e 20% respectivamente, e crescendo à medida que se tornam mais valiosas.
De acordo com o relatório emitido pelo banco de investimentos JP Morgan, apesar do receio dos investidores de que a concentração de pesos das empresas possa representar uma fragilidade de mercado, o relatório afirma que índices de outros países como Reino Unido e Alemanha também possuem uma representação de 30% e 45% respectivamente, pelas 5 maiores empresas listadas nas bolsas europeias. Podemos citar ainda o Ibovespa, que em condições semelhantes acumula uma fatia de mais de 30% entre as 5 maiores empresas do Brasil. Ainda assim o relatório salienta que concentração torna as bolsas vulneráveis mesmo as pequenas mudanças de sentimento e fundamentos.
O relatório ainda demonstra a crescente valorização de mercado das FAAMG’s na última década, atingindo maior nível no ano de 2020. A forte representatividade nos índices ainda conta com a baixa de mercado das empresas globais que tiveram seus valores reduzidos por conta da crise do Coronavírus.
O relatório ainda indica a diferença de performance entre as 5 maiores empresas de tecnologia e o S&P500 no período dos últimos 5 anos, onde as FAAMG’s acumulam mais de 300% de rentabilidade contra aproximadamente 44% do índice.
Um outro gráfico gerado pela Bloomberg, reforça a dominância das empresas de tecnologia sobre os índices. Este reproduz um index (Pesos Iguais) composto pelas FAAMG’s, comparado ao S&P 500 (Pesos Iguais) e outro (Ponderado pela capitalização de mercado). O retorno das “Big Techs” ultrapassa os 15% de valorização no ano contrastando com uma desvalorização de -5,4% para o atual S&P500, e -12% para o modelo de Pesos Iguais que pode ser explicado pela anulação da representatividade das empresas mais relevantes.
Diferença de performance dos índices americanos durante a COVID-19
O poder de valorização das empresas de tecnologia justifica a diferença de performance dos principais índices acionários. Até o momento deste artigo o índice NASDAQ rompe topo histórico e opera com mais de 11% de retorno no ano, enquanto S&P 500 ensaia uma retomada aos campos positivos com -2% de valorização. O Down Jones - índice dos setores industriais - ainda tem dificuldades para se recuperar com uma desvalorização de -6% no ano.
Diferença de performance das FAAMG’s durante a COVID-19
Quando comparadas, Amazon surpreendemente vem liderando as empresas no momento, com valorização de mais de 30% no ano, maior retorno entre as “Big Techs”.
Consideração final
Diante de um cenário de incertezas em relação a estabilização das economias, o setor de tecnologia parece carregar o maior poder de recuperação na aposta dos investidores contra a crise do coronavírus, e a consequência dessa crise pode gerar uma disrupção de perspectivas ao desenvolvimento de novas tecnologias para atender a demanda crescente por serviços on-line, visto que diversas empresas já assumem a adesão a novas dinâmicas de trabalho. Enquanto grande parte das empresas de produção industrial continuam a reportar dados negativos nos balanços trimestrais, empresas de tecnologia continuam a contratar mão de obra e investir à medida que reportam cada vez mais recordes financeiros em seus balanços.
As FAAMG’s ainda vêm ganhando espaços cada vez maiores nos índices de mercado à medida que se tornam mais valiosas, o baixo nível de endividamento e o alto valor de cifras em caixa são fatores importantes para garantir a estabilização das empresas em momentos de retração econômica. Ainda que elas desconheçam tais momentos, fornecem a garantia de solidez para seus investidores num ambiente de alta competividade. Se elas serão o motor que vão puxar os mercados para fora crise e fazer movimentar a economia mundial? Somente o tempo irá confirmar, mas registram de fato um alto potencial de retorno provado em condições adversas e tempo.
Outspoker: Leandro Pons, Brasileiro morando na Austrália. Graduado em Engenharia de Produção Química e apaixonado por Empreendedorismo, Finanças e Data Science.
Linkedin: https://www.linkedin.com/in/leandro-matias-pons/
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