Continuando com o desafio em entender o mercado e as ações dos investidores a partir da perspectiva Psicanalítica, apontarei neste texto como os elementos emocionais influenciam diretamente as tomadas de decisão no mercado. Como mencionado no texto anterior (link aqui), o mercado é dirigido por pessoas e, portanto, é também composto de elementos emocionais como medo, tristeza, raiva, ganância e euforia, influenciando diretamente as tomadas de decisão no mercado, geralmente acompanhadas de profunda sensação de incerteza.
Para David Tuckett, economista e psicanalista inglês, esse estado de incerteza é que o cria oportunidades, tornando o mercado atraente. Geralmente, segundo o autor, o investidor é tomado por duas emoções ambivalentes durante uma operação: excitação e ansiedade. Excitação por estar à frente de um possível sucesso perante um investimento ou trade, ansiedade por pressentir um perigo: o de possíveis perdas. Além disso, o “feedback da performance” no mercado costuma ser instável: não há certeza de que alguém que tenha obtido sucesso anterior possa ter uma operação bem sucedida no futuro. Para Tuckett, a concorrência pelo dinheiro tem mais haver com promessas de resultados. Assim, para poderem investir no mercado, as pessoas precisam criar o que chamou de “narrativas de convicção”: histórias que justifiquem as apostas, sustentando dessa forma o período de euforia e ação do ato de investir por um tempo razoável, já que as pessoas, durante esse período, sentem que têm algo ou uma ótima oportunidade em mãos. Contar histórias para gerar conforto emocional ou justificar decisões faz parte dessa narrativa de convicção. É muito comum que investidores contem com informações de outros investidores, mesmo que tais informações não sejam baseadas em dados sólidos. Tuckett também aponta que, com frequência, investidores tomem decisões importantes caso se identifiquem ou se sintam confortáveis com a história de uma empresa, o que ele chamou de “narrativas consoladoras”. A teoria financeira também deve levar em conta a influência inconsciente do “groupfeel” (termo criado por Tuckett), fenômeno em que os indivíduos obtêm satisfação ao saberem que são parte de um grupo. Para Freud, mesmo sozinho (fora de algum grupo psicológico), sempre há no indivíduo a presença do outro. Tais fatores influenciam os investidores numa tomada de decisão, uma vez que a influência destes pensamentos de massa possuem papel ativo na forma como traders consideram as suas opções: a interação com outras pessoas geralmente traz recompensas, sendo descartado o pensamento individual, fomentando os sentimentos ambivalentes de excitação e ansiedade. Portanto, as emoções que acompanham as decisões financeiras refletem o aspecto individual e social em que os investidores encontram-se inseridos, sendo impossível dissociar a economia dos elementos psíquicos e sociais. Assim, o que está sendo negociado são histórias, as “narrativas imaginárias” sobre possíveis ganhos, perdas e o seu impacto sobre um futuro incerto. Considerando a dissociação entre tais elementos psíquicos e sociais no Mercado Financeiro, saliento a importância sobre os investidores terem conhecimento e compreensão a despeito da influência de tais elementos nas tomadas de decisão em um investimento. Desta maneira, é possível que haja reflexão e posterior transformação, como o início do rompimento de uma alienação psíquica e social, no sentido de que o investidor tome decisões compreendendo os momentos de euforia, o medo e os riscos de cada investimento. Referências: TUCKETT, D. Minding the Markets (2011). Palgrave Macmillan. Sobre a autora: Carina Guerra - Psicóloga, especialista em psicanálise e Outspoker.
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Em uma economia centralizada, o dinheiro é ofertado por um banco central em uma quantidade que atenda o crescimento da quantidade de bens produzidos e trocados em uma economia, a fim de manter uma certa estabilidade no poder de compra (salvo a livre flutuação de acordo com a oferta e demanda). Ou seja, a base monetária é controlada por este banco central. Teoricamente, uma oferta controlada de dinheiro é uma condição necessária para se manter o poder de compra daquela moeda.
Em oposição a isto, temos a ideia de um sistema monetário descentralizado, sem a presença de uma autoridade central que regula esta quantidade de dinheiro em circulação. A moeda seria criada pelos agentes pertencentes à uma rede especifica, no formato peer-to-peer, que significa ponto-a-ponto. O Bitcoin funciona exatamente desta forma. O algorítimo que cria novos Bitcoins define, antecipadamente, como e a qual quantidade novas unidades da moeda serão criadas. E, como proteção, qualquer unidade de Bitcoin que seja eventualmente criada sem fazer parte das regras deste algoritmo, será rejeitada automaticamente por toda a rede, tornando-a inútil. O conceito do último parágrafo é totalmente oposto ao momento que vivenciamos. O programas de afrouxamento quantitativo - quantitative easing em inglês - atualmente em vigor nos Estados Unidos, Japão e União Européia, simplesmente injetam mais moeda na economia, sem necessariamente nenhum outro bem ou serviço ter sido produzido a mais. Logo, o que acontece é a destruição do poder de compra de suas moedas, por causa da inflação. Mas, ainda não temos inflação de fato (ou seja, na faixa esperada pelos governos) nestes países. O que está acontecendo então? Estamos vivendo um momento de hiper-valorização de ativos. A cada novo anúncio de prolongamento destes programas, ativos financeiros do mundo inteiro seguem mais e mais dias de alta em seus preços. O dinheiro não está indo para a "economia real". O que acontece de fato é um descontrole ainda mais das contas de governos de todo o mundo, inclusive dos bancos. Taxas de juros mais baixas, praticamente zero ou até mesmo negativas são a principal consequência desta inundação de dinheiro no mercado. E, com taxas mais baixas, a dívida pública fica mais fácil de ser "rolada", facilitando ainda mais o descontrole por parte do governo e a "farra" com dinheiro dos pagadores de impostos. Enquanto isso, nas ruas, a economia não cresce. Se os programas de afrouxamento quantitativo fossem a salvação da lavoura, TODOS os países do mundo o fariam. E não é bem isso que está acontecendo. E ainda temos um risco de um período de híper-inflação chegar: todo este dinheiro no mercado será absorvido de alguma forma, mais cedo ou mais tarde. Voltando aos Bitcoins, como sua base monetária (sua quantidade total de moeda) não pode ser ampliada, existirá justamente um efeito contrário, o de deflação, caso eles se tornem realmente uma moeda amplamente aceita. Keynesianos argumentam que deflação é algo ruim para uma economia, por incentivar indivíduos e empresas a economizarem dinheiro ao invés de investir em empresas e criar empregos. A Escola Austríaca de Economia diz justamente o oposto, dizendo que a deflação é um efeito que ocorre em todos os estágios da produção e, quem investe, se beneficia disto. Como resultado, as taxas de lucros se mantém as mesmas, apenas mudando seus valores absolutos. Ficou confuso? Vamos explicar melhor. Em outras palavras, um ambiente deflacionário proporciona uma queda no preço de bens e serviços mas, ao mesmo tempo, os custos de produção também irão cair na mesma proporção - ou seja, o lucro não é afetado. Só que com a mesma quantidade de lucro e preços mais baixo, o poder de compra da moeda aumenta de um modo a estimular ainda mais a economia: posso comprar mais bens ou serviços com a mesma quantidade de dinheiro - o que realmente estimulará a economia e criará mais empregos. Além disso, a taxa de poupança também aumentará o que proporciona uma queda na taxa de juros e facilita a vida de empreendedores para que façam investimentos de mais longo prazo - gerando mais empregos. A conclusão que temos disto tudo é: os programas de afrouxamento monetário estão fazendo exatamente o oposto do que pensaram que aconteceria. O problema principal está não nas fases de altos e baixos de uma economia, mas sim em como a quantidade de moeda é emitida sem lastro, sem nenhum bem ter sido produzido em troca. Estabilidade econômica e geração de empregos virá de uma menor e controlada (em termos de quantidade) oferta monetária. E não o contrário! Referências: Bitcoinwiki e Instituto Mises Brasil
Depois de tantos anos no Mercado, talvez eu possa dizer alguma coisa sobre trading: nada na sua vida será mais imprevisível do que quando você está na frente de um gráfico tentando entender o que vai acontecer na sequência. Você vai começar a ver as coisas na sua vida – coisas que você pensava serem muito difíceis – de um modo muito diferente. Eis que, você irá se apaixonar por isso. No caso em que não, não é uma coisa ruim. As pessoas tem talentos diferentes e talvez trading não é algo para você. Você pode observar tudo isso negociando ações. Entretanto, existe algo a mais que eu gostaria de falar: é o Forex.
Ok, então, o que é Forex? Forex significa, do termo em inglês, Foreign Exchange Rates. É negociar moedas de outros países. No Brasil o mais comum é o contrato de Dólar contra o Real. Uma moeda é avaliada em relação a outra baseada em diversos aspectos, como a situação econômica dos países, ambiente politico, notícias e tantos outros fatores. O modo mais fácil de entender o valor de uma moeda é pensar nela da mesma forma que pensamos no valor de uma ação de uma empresa. Negociá-las então significa comprar ou vender moedas estrangeiras. Se as companhias abertas possuem ações, os países possuem as suas moedas. No Forex, você negocia pares de moedas. Um exemplo é comprar Real (BRL) e vender Dólar (USD). Existem muitos outros pares, como o EURO-DÓLAR (EURUSD), DÓLAR-LIBRA ESTERLINA (GBPUSD) e tantas outras. Esses são os pares com a maior liquidez no Mercado. Adicionalmente, liquidez é algo que não falta no Forex. É um mercado com volume diário médio de 5 trilhões de dólares. E quando dizemos diário, realmente dizemos 24 horas por dia, de segunda a sexta. Durante este tempo, você pode estar 100% conectado com o mercado. Qualquer posição aberta que você tenha pode ser influenciada por algo acontecendo no mercado durante à noite. Aqui no Outspoken Market, sempre falamos sobre as emoções do trader. Isto porque acreditamos que esta é a chave para ser um trader bem sucedido. Especialmente se pensarmos no Forex, você de agir como um atirador de elite. Frio e preciso. O que isso significa na vida real? Isto significa que suas emoções não devem ser usadas como a base de suas decisões. Ao menos um pouco de controle emocional deve ser continuamente treinado. Existem duas emoções principais: ganância e medo. No mundo dos investimentos, a ganância é uma das duas principais razões que fazem as pessoas perderem dinheiro. No mundo real, a ganância é uma das duas razões na qual as pessoas perdem suas vidas. A segunda razão é o medo. O medo se manifesta no momento em que você não entra em uma posição porque pensava que o mercado viria ainda mais para baixo ou para o alto – ou quando você encerra uma posição muito cedo, pensando que o mercado pode a qualquer momento se virar contra você ou nunca ir a seu favor. O medo faz você perder dinheiro por não deixar seus lucros fluírem. Um coisa comum sobre estes dois sentimentos é os dois farão que você fique posicionado num trade perdedor esperando que o mercado vire a seu favor. Este é, definitivamente, a pior coisa que um trader pode fazer. Isto nunca vai acontecer (em alguns casos sim, mas será apenas sorte). A menor perda é sempre a primeira. Um abraço e até o próximo post! |
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